Nada mais esclarecedor
Li atentamente a entrevista de Fernando Nobre ao Expresso e tive de imediato a sensação que algo não batia certo. Diz ele que decidiu concorrer ao Palácio de Belém depois de ouvir durante "dois ou três meses" várias personalidades, entre elas os ex-presidentes Ramalho Eanes e Mário Soares. "Falei com toda a gente, não houve nenhum sector da política portuguesa que eu não tenha abordado", diz o presidente da Assistência Médica Internacional.
Ora aqui está o que não bate certo: para quem falou com dezenas de pessoas, do CDS ao Bloco de Esquerda, é estranho ter deixado de fora Manuel Alegre. Nem sequer teve curiosidade de saber se o poeta tencionaria recandidatar-se à presidência.
Não por acaso, e com uma evidência exemplar, Alegre é praticamente o único alvo de críticas nesta entrevista. De Cavaco Silva, afirma Fernando Nobre que é "uma pessoa digna e séria, responsável", acentuando que o "roteiro da inclusão" foi "um ponto muito positivo" do seu mandato.
Nada mais esclarecedor para início de conversa.
ADENDA: Leio a entrevista de Fernando Nobre à edição de hoje do i . Repete-se o padrão: elogios a Cavaco ("um homem digno, responsável e crente nas pessoas") e críticas a Alegre. Desta vez com requintes de linguagem: "Picadelas de mosquito não me importunam. Eu só reagirei se for mordido por um crocodilo." Para mais tarde recordar.