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Delito de Opinião

A cambaleante Espanha de Zapatero

Pedro Correia, 21.01.10

 

A Espanha de Zapatero procurou deslumbrar o mundo com a sua engenharia social, o seu igualitarismo militante, as concessões quase ilimitadas aos nacionalistas e o seu "diálogo" com a ETA. O mundo, para desgraça do primeiro-ministro socialista, não ficou nada impressionado.

A política de apaziguamento com o terrorismo basco fracassou em toda a linha: sucessivos atentados da organização terrorista que Zapatero chegou a eleger como interlocutora fizeram abalar o desígnio do presidente do Governo espanhol de se tornar um novo Tony Blair selando um acordo com o equivalente a Gerry Adams na ETA. A realidade é dura, como Zapatero bem se apercebeu: não há qualquer Gerry Adams na ETA.

As concessões quase ilimitadas aos nacionalistas tiveram a sua expressão mais emblemática no estatuto de 2006 que reconheceu a Catalunha como nação. Estava aberto um precedente para a multiplicação de toda a casta de populismos contra Madrid que teve a sua erupção máxima há dias, quando o presidente do Barcelona, Joan Laporta, imaginando-se já investido na condição de caudilho catalão, apelou em entrevista ao El Mundo para que "um milhão de pessoas" o acompanhem na nobre gesta da "libertação" da Catalunha.

Zapatero, há quase seis anos no poder, falhou em toda a linha no essencial: a economia. De que adianta aos espanhóis terem um "governo paritário" - com tantos homens como mulheres - se esse governo se revela péssimo na gestão dos assuntos económicos? Segundo os mais recentes dados do Eurostat, o desemprego em Espanha atinge neste momento 19,4% da população activa - mais de quatro milhões de pessoas - e 42,9% entre os jovens dos 16 aos 24 anos.

Não admira, por isso, que o conspícuo Financial Times tenha sido particularmente duro na sua antevisão deste primeiro semestre de 2010 na União Europeia sob o comando de Madrid: "Uma Espanha cambaleante conduz a Europa".

Definitivamente, Zapatero não deslumbrou o mundo.

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