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Delito de Opinião

Tempos difíceis...

Carlos Barbosa de Oliveira, 15.12.09

Desde que entrámos  na Europa, a primeira preocupação de qualquer primeiro-ministro português tem sido mostrar aos seus congéneres que Portugal é um país bem comportado, sempre disposto a acatar, de forma obediente, as ordens vindas de Bruxelas. O importante é  os dinheiritos continuarem a cair, como recompensa pela nossa obediência e bom comportamento. Poderia enunciar uma longa lista de situações, remontando ao tempo de Cavaco, mas limito-me a recordar a prioridade no combate ao défice, iniciada por Durão Barroso e Ferreira Leite e continuada por Sócrates e Teixeira dos Santos.
Todos estamos lembrados dos sacrifícios que nos foram pedidos pelo anterior governo, obcecado em reduzir o défice em quatro anos, de 6,5 para 2 por cento. Foi um apertar de cinto violentíssimo, especialmente para quem trabalha por conta de outrem, que é sempre o bombo da festa.
Vejo por isso, com grande preocupação, a forma disciplinada (e displicente) como Teixeira dos Santos aceitou, sem pestanejar,  reduzir o défice – possivelmente superior a 8 por cento - para 3 por cento até 2013. Adivinho dias difíceis nos próximos anos. Não para os empresários, nem para os banqueiros, ou  quem trabalha em gabinetes ministeriais, mas sim para os trabalhadores deste país. 
A crise não está ultrapassada e, como ainda ontem lembrou Obama, corremos sério risco de uma recaída, cujos efeitos serão ainda piores do que os que estamos a viver. Temo que o povo, cansado de suportar tantos sacrifícios, de ser sempre obrigado a pagar os erros dos outros,  não aguente  e um dia  a corda, de tanto esticar, rebente. Com estrondo e consequências imprevisíveis.

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